segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

domingo, 28 de dezembro de 2008

Ladrão de Leite

Eram cinco da tarde. Sábado. A fome apertava. As opções eram restritas. Vinha se questionando quanto às carreiras que tinha perseguido na vida. Na verdade, eram duas. Ambas se dispunham entrelinhas—ambas levavam ao fracasso a longo prazo. Na cabeça, na fantasiosa fábrica de ilusões imagéticas, elevava-se o indivíduo comum, julgando-se talentoso e dono de capacidades inusitadas. Resumidamente, alimentava sua vaidade ao consumir o branco. Consumia o branco com palavras, com histórias sobre um nada eloqüente. Nadava sem parar nos mares infindos do pensamento. Consumia o branco com o nariz, aspirando atitudes, visões, fome, dor, insegurança. Um nada eloqüente.
Em um certo momento, o branco mais óbvio e ordinário fez falta — o leite. Este, certamente era o branco mais barato e acessível. Porém, todos os seus recursos financeiros, bem como energia, já haviam sido esgotados pelos brancos da mente. O branco do estômago, o primeiro branco a satisfazer uma pobre alma, logo que nasce— esse branco estava em falta.
Quando a tinta sob o papel teimava em não lhe trazer retorno, nem podia mais suprir a fome com o pó, se viu diante de uma necessidade primitiva: comer. Um nada silencioso. Enquanto se come, não se fala. E se não se come, não se fala também.
Esvaziou os bolsos com voracidade e cerrou os punhos em desespero. Z-e-r-a-d-o. E a gastrite apertava. Contorcia-se e vociferava. Solução? Não tinha outra. Sim, deveria cometer o primeiro furto de sua vida.
Entrou em um supermercado e foi direto à sessão que interessava. Estava se perguntando como iria conseguir sair do local, despercebidamente, com uma lata de leite em pó. Achou que a melhor opção era esconder a lata no casaco e sair correndo aos berros, simulando um ataque de pânico provocado pelo inseto mais asqueroso de todos os tempos: “Uma barata enorme! Socorro!”. Desandou a correr, correr, correr, correr... Distraiu a todos dentro do mercado. “Cadê?” Muitos procuravam a tal barata...Os comentários entre os homens não variavam muito—“Que bicha!”.
Chegou em casa esbaforido.Começou a rir freneticamente. Vitória. Sim, finalmente. Um artifício e tanto. Conseguiu enganar a todos; não com os livros que seriam publicados, e sim com uma atuação deslavada, improvisada. Talvez devesse abandonar o branco das páginas e adotar os palcos. Os palcos poderiam ser as próprias ruas da cidade, a la Brecht. Viu-se diante de uma carreira promissora. Abriu a lata. Enchia a mão do pó vaqueiro e levava à boca. Compulsivamente. Volta e meia lembrava-se da cena no supermercado e ria-se, expelindo pó para tudo quanto é canto do quarto (leia-se cubículo) onde vivia. Encheu o recinto com um suave perfume flatulento de origem láctea. Dormiu feliz. Nessa noite. Dormiu. Feliz.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

4 dimensions

"Someday, I told Jan, "when they demonstrate that the world has four dimensions instead of just three, a man will be able to go for a walk and just disappear. No burial, no tears, no illusion, no heaven or hell. People will be sitting around and they'll say, 'What happened to George?' And somebody will say, 'Well, I don't know. He said he was going out for a pack of cigarettes." (Bukowski, Factotum)

Foi-se em busca de um pacote de cigarros...Dobrou a esquina e nunca mais voltou. E se não voltou, talvez seja porque em seu caminho, coisas mirabolantes tenham acontecido. Ele pode ter sido seqüestrado por um grupo de ciganos: virou bailarino mambembe e hoje em dia ganha a vida com seus malabares. Ele pode ter se apaixonado e casado com uma afegã...Talvez hoje viva feliz em terras biladenses.

Foi-se em busca de uma garrafa de vinho. No caminho, pode ter caído no chão e quebrado o dente. Ao achar o dente quebrado na calçada, fez uma prece à Fada dos Dentes. No mês seguinte, um dentista remendou sua arcada dentária. Aprendiz de fada, fada é... Talvez leve a vida como fada dos dentes em shopping, contando história para crianças cujos pais precisam de um descanso...

Foi-se em busca de um pacote de Cheetos. Intoxicada por glutamato monossódico, teve um barato e não voltou mais da onda. Seguiu a vida adorando a Krishna e ensinando Yoga a velhinhos da terceira idade. Ironicamente,odeia a Elma Chips e acredita que a Coca-Cola põe chip líquido em seus refrigerantes...Estes chips roubam as almas das pessoas e as engarrafam, like a genie in a bottle...

Nunca mais os vi. Estão numa esquina qualquer, em algum lugar...lugar este que não faz parte da minha vida atual. Pode ser que um dia as coincidências da vida me levem a terras biladenses, ou que eu vire Mamãe Noel de shopping (tendo a Fada como assistente). Ou ainda, Krishna...Vai saber? Enquanto isso, toco meus bois daqui e continuo sentada à mesa do bar, sem me ausentar--por enquanto. Mandei trazer o cigarro, a garrafa de vinho e o pacote de Cheetos. Não fui buscar. E ainda vou pedir pastel, cerveja, coxinha de galinha, etc, etc, etc, etc, etc. E sejam bem-vindos aqueles que quiserem sentar à esta mesa e dividir algumas histórias...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Carlton Menta

Resolvi me entregar ao companheiro em chamas; àquele que queima enquanto queimo. As cinzas se desfazem no ar, como pedaços de mim perdidos nas últimas explosões emotivas. Cumplicidade—-esta é a palavra que define nosso contato diário, marcado por diálogos curtos, porém expressivos. Entrelaçado aos meus dedos, se despede devagar, recuando lentamente. Ainda assim, deixa o gosto e o cheiro peculiares—-experiência indelével.

domingo, 30 de novembro de 2008

Labirinto

Triste é aquele que tendo o presente nas mãos, larga tudo em busca do passado.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Adriano

Ela entrou e apontou seu destino: Adriano. Todos estavam cientes e dispostos a ajudar. A velhice lhe impedia de ficar em pé. No entanto, ela não se rendia. “Já chegou?”, perguntava constante e impacientemente, como uma criança a caminho do parque de diversões. Todos temiam por ela e pelas conseqüências de sua visível insanidade teimosa. “Já chegou?”, perguntava a cada parada. Nela viam refletido um futuro de abandono, no qual se é privado não só da companhia das pessoas, mas do próprio corpo. Os olhos vesgos não lhe permitiam ver com clareza em que local se encontrava. Porém, algo lhe dizia o tempo todo que Adriano tinha chegado.“É aqui?” Seguiu perguntando, sorrindo a cada suposta chegada e franzindo a testa quando lhe informavam de seu equívoco. Quando finalmente Adriano chegou, ela se pôs em pé e perguntou: “Onde está Adriano?”

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Encerrando ciclos

It's My Own Cheating Heart That Makes Me Cry (Glasvegas)

"Let the raining teardrops rain down on me tonight
I think making up, faking up stories is alright
Tick tock stop the clock, fiction is my thing
My attitude is always I and me and mine

Oh I'm so clever, I'm so clever, I'm so clever
Until my paranoia kicks in, then I'll accuse her
Of doing all the worst things I do best
It's funny how me, fucking her about,
Has got me in this fucking mess

Liar liar pants on fire
Lies alibis lies more alibis
From the truth, I admit I'm more than shy
Ain't it the times we are living in
Everybody's doing it so why can't I?

I tally up tonight's strangers
And stragglers I've kissed
Training ground notches, perfectly executed notches
And near misses

It's all about going out and getting pissed with eagle eyes
And sincerity bottom on my list
What's the story morning glory?
I feel so low and worthless, yeah...

So this is where the outcome unfurls
and the truth is being told
A cloud has gathered over my head and now I know,yeah
Infidelity and my good friend ecstasy
doesn't work, it makes you worse
I'm feeling so guilty about the
things I said to my mum when I was a ten-year-old
I'm feeling so guilty for any old shit
And how I think my missus is fucking
every guy that she looks at
This is it, the end was always coming and now it's here

So this is the grand finale
The crescendo of demise
This is the happy ending
Where the bad guy goes down and dies
This is the end
With me on my knees and wondering why?
Cross my heart, hope to die
It's my own cheating heart that makes me cry"

Ás vezes, outras vozes expressam melhor os nossos sentimentos. A vida, por vez ou outra, nos apresenta incógnitas indecifráveis e talvez, somente o silêncio seja capaz de trazer uma resposta digna.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Marcelle e Willy

Os dois se conheceram numa loja temática. A loja era seleta, com artigos peculiares. Lá estava, em uma esquina paulista qualquer, com suas vitrines atraentes. Marcelle queria matar o tempo, ou o tempo lhe mataria—de tédio. Ela entrou com passos tímidos, a princípio hesitante. As cores berrantes do tapete vermelho que se estendia da entrada ao caixa pareciam-lhe imponentes e ao mesmo tempo convidativas. Pode-se dizer que o vermelho vivo dava tom à loja. Porém, muitos produtos tinham cor rosa-tipo-pele ou marrom-bombom. Havia para todos os gostos.
Marcelle começou a se soltar e, aos poucos, perdeu-se entre as prateleiras. Cada um dos artigos daquela loja ativava sonhos e possibilidades de uso e aplicações infinitas. Sem perceber, o tempo correu. Marcelle se encontrava ali há pelo menos uma hora. Foi então, que avistou Willy.Alguns vendedores se aproximavam e faziam perguntas às quais ela não conseguia responder. Willy a havia encantado de modo tal, que não havia mais nada à sua frente, às suas costas ou ao seu redor—somente Willy. Ele brilhava, à luz artificial da lâmpada que lhe atingia em cheio. Talvez estivesse um pouco acanhado, pois enrubescia, conforme Marcelle se aproximava. Ela lhe deu a mão direita, mas ele não reagiu. Indiferente, a moça o apertou de forma bastante calorosa. Ali, se enchendo de certezas, soltou um longo suspiro.
Marcelle puxou Willy e caminhou pelo centro do tapete vermelho em direção ao caixa: “Vou levar este!”O atendente deu uma leve risada e disse: “80 reais! Crédito?” Marcelle assinou a guia de crédito e, assim, selou a união (na base da confiança).

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Não tenho para quem ligar

Após uma manhã longa de trabalho—intervalo.

Elas prontamente sacam os aparelhos celulares da bolsa e engatilham ligações.

Não tenho para quem ligar. Caminho logo atrás e observo a cena peculiar.

Não tenho para quem ligar.

Uma delas diz como foi a manhã e as atividades das quais se ocupou. Enquanto caminha, diz onde irá almoçar e com quem está. Ela também comenta sobre seus planos para um futuro próximo, ao cair da noite, quando as algemas escravo-salariais serão retiradas.

Não tenho para quem ligar.

A outra pergunta sobre a janta e sobre o comportamento do filho. Esta também diz com quem está e para qual direção está caminhando, bem como a rua onde se encontra.

Não tenho para quem ligar.

A chuva pode cair, o sol despontar. Posso chorar, posso rir, posso conquistar, posso perder, posso brilhar e apagar, posso viver, morrer, adoecer, melhorar, evoluir, piorar, criar, destruir, resolver, problematizar...e ainda assim, não tenho para quem ligar.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pica-Pau


Pica-pau = Woodpecker

pecker

noun
1. obscene terms for penis [syn: cock]
(www.dictionary.com)

Pica e pau...

Estrangeirismo?

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Histórias da Kombi

- Pô, colega! Abaixa aí! O pessoal da fiscalização tá na área...
(Ele começa a remover as placas de identificação da Kombi e troca de blusa).
- Abaixar? Ok!
- É porque o carro do DETRO tá ali...
- Tá...
(Alguns minutos se passam...)
- Já posso levantar?
- Ainda não!
- Tá...
(Mais alguns minutos se passam.)
- Pode levantar agora!
- Onde está o carro?
- Lá atrás! Quer vir aqui pra frente, colega?
- Pode ser!
- Você mora por aqui mesmo?
- Sim... moro ali na Maranhão.
- Ah... qual é o seu nome?
- Daniele, e o seu?
- Marcelo!
- Tem namorado?
- Tenho!
- Você é fiel?
- Sim!
- É casada?
- Não! Casamento já é demais...
- Tem filhos?
- Não!
- Mas o namoro é sério mesmo ou vc só fica?
- É sério! Já namoro há um tempinho...
- Quantos anos você tem?
- 22
-Ah... pensei que tivesse menos!
- E você?
- Tenho 27! Se eu tivesse uma namorada assim, como você, eu era feliz.
- Ah... mas você vai encontrar! Não precisa ficar triste!
- Não tô triste! E você sai à noite?
- Ah, de vez em quando... eu trabalho muito, aí fico cansada!
- O que você faz?
- Dou aulas, e vc? Só trabalha aqui na Kombi mesmo?
- Não... eu também estudo! Tô terminando o segundo grau... tô no segundo ano. Eu larguei, mas agora tô voltando... E você sai no fim de semana?
- Raramente... Vou à Lapa às vezes. E você?
- Gosto de ir pra Ilha pra ficar perto da praia. Mas eu gosto de uma cervejinha e eu dirijo... Essa lei de não poder beber me atrapalha...
- Verdade! É chato mesmo...
- Bem, fico por aqui! Prazer!
- Prazer!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Descarte!

Sim... Quando as coisas seguem um fluxo, devemos acompanhá-lo. Esse lance de nadar contra a maré, depois de uma certa idade, só traz problemas. Sim, as coisas e pessoas são/estão descartáveis e “tudo que é sólido desmancha no ar”. Mas tem gente por aí que não segue essa linha : os últimos dos moicanos.

Se você é um desses, vai aí um pequeno conselho: em Roma faça como os romanos.

No reino dos descartáveis, faça como eles: descarte! Sem pena, sem pensar muito, sem se julgar egoísta ou antiético... feche os olhos, descarte e pronto. Sim, é um exercício, mas com o passar dos anos se torna cada vez mais fácil.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A crise mundial

A crise global está me afetando. Ontem acordei, li as notícias e fiquei triste com a falência da Islândia. Será que a Björk perdeu muito dinheiro? E o Sigur Rós? As bandas vão à falência também? Depois me toquei que o país só tem trezentos e poucos mil habitantes... É o público de um show de rock! Ok, eles vão se virar...

Mas aí comecei a pensar nas conseqüências... E o Brasil? A Petrobrás vai quebrar? Será? E o Lula diz que tudo vai ficar bem...

Li Financial Times, Estadão, New York Times, BBC………… O Globo.

Hoje acordei e me espantei com o frio. Estamos em Outubro e até onde eu sei, Outubro é um inferno de quente. Estranho... Aquecimento global! As calotas polares devem estar derretendo, como previu Al Gore.

Anteontem me contaram sobre a morte de um ente querido. Diabete tipo 2 da braba. Cada hora cortavam o indivíduo em uma parte diferente do corpo— açougue-way-of-life. Novamente a bela frase “O importante é ter saúde” veio à minha cabeça.

E os funcionários da Ford estão em férias coletivas. Qual será o próximo passo?

Segundo turno das eleições. Votar não é minha praia depois da desilusão dos 18’s! Para mim não passa de um estupro coletivo. Mas o Gabeira foi pro segundo turno, então... Será que a gente vota mesmo? O que foi feito do Crivella? Outro dia meu irmão me convenceu de que o Crivella não é ruim e que sofre preconceito da classe média e dos aristocratas. Será o Gabeira a bruxa da vez?

Meus gânglios continuam inchados. Duas semanas. Estranho. Pode ser câncer, falência dos órgãos... 5 médicos disseram que era imunidade baixa! Me entupiram de vitamina C e afins. Estão de sacanagem com a minha cara! Ninguém me passou exame, ninguém pediu bacterioscopia.

Outro dia esqueci que a gente não pode se comunicar com ex. Quando acaba, acaba. Ainda não consegui entender isto. Tudo bem, eu morri simbolicamente. Mas é difícil sustentar a morte quando eu ainda estou aqui. E talvez a morte simbólica esteja me influenciando e me forçando a morrer fisicamente. Talvez isto explique a depressão e as conseqüências físicas.

“Memórias de Sargento de Milícias” é um livro engraçado. Certamente melhor do que qualquer programa de T.V com risadinhas ao fundo. Mas, acabou.

Dois gringos a caminho. Incerteza, apreensão... Ansiedade.

Crise global.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

receita de bolo

Fingir que esqueceu é fácil. Mas como esquecer de verdade?

domingo, 28 de setembro de 2008

crianças x adultos

Crianças dizem : "Eu te amo!"
Crianças dizem : "Eu te odeio!"

Adultos dizem: "Gosto de você, mas nem tanto!"
Adultos dizem: "Detesto você, mas te tolero!"

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A ética do malandro


A ex-diretora do Instituto de Segurança Pública (ISP), a antropóloga Ana Paula Miranda, acusou hoje o governo estadual do Rio de Janeiro de "fabricar" a comemorada queda de 8,8 no índice de homicídios. Exonerada em fevereiro, após divulgar número recorde de mortos pela polícia, ela afirmou que "o governo não contabiliza os autos de resistência na soma final de homicídios dolosos". Além disso, disse, "alguns casos que são claramente homicídios, como os corpos carbonizados encontrados, estão sendo registrados como encontro de cadáveres e ossadas".


(http://br.noticias.yahoo.com/s/18092008/25/manchetes-rio-fabricou-queda-homicidio-diz-ex-diretora-isp.html)

Sem comentários... Ou melhor : Odeio esta cidade sucateada!
Não existe cidade mais vil e trapaceira... Vê-se que a ética da malandragem é a que predomina mesmo! É o espírito malandro, espertalhão e malicioso que apadrinha esta cidade. É um querendo arrancar o pescoço do outro...

E na aula de superlatives todos dizem: "Rio de Janeiro is the best city to live in".

domingo, 14 de setembro de 2008

O casamento de Sandy



"As pessoas admiráveis em quem o sistema se personifica são conhecidas por aquilo que não são; tornaram-se grandes homens ao descer abaixo da realidade da vida individual mínima. Todos sabem disso" (Guy Debord em "A sociedade do espetáculo")


(O texto que se segue foi produzido por Lenina Z no remoto ano de 2001, enquanto curtia sua fase grunge. Supostamente seria a letra de alguma música estilo Hole. Nunca virou nada além de uma ode à querida Sandiléia).

“Marionete”

Seu sorriso é falso, calculado
E o seu discurso, decorado.
Marionete, seu lugar é na creche!
Seu sucesso você não merece!
Ó marionete, prepare seu lindo coração.
A verdade dói, eu vou ter que dizer
Algo que nunca foi dito à você:
Você foi inventada e testada
Produzida, elaborada
Saiu prontinha de uma fábrica e foi posta à venda.

Agora te compram,
Você nunca tem sua opinião.
Te compram, te manipulam
Têm você nas mãos.

Marionete é movida a controle remoto:
Para cima, para baixo, até a pilha acabar
Até quando, até quando você vai durar?
Não sei se tem garantia...
Você é encontrada em várias prateleiras.
Muitos te compram, disso eu tenho certeza.
Mas até quando vai a garantia?

Você e o seu reino encantado.
Borboletas e pássaros reverenciam
A princesa, o príncipe e a rainha.
Tudo é tão belo e tão puro
Vão para o céu, isso eu asseguro.
Cadê o rei? Ouço seus brados daqui.
Isso é suficiente para me fazer fugir
Depois da minha denúncia
Vou ser enforcada e queimada
Ó não!
E quem será que vai me ajudar?

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Não tenho tempo, logo sou importante!

- Vamos passear hoje pela praia?
- Nossa, não posso! Estou super ocupada!
- Ah, que pena! Que tal semana que vem?
- Também não dá! Muito trabalho, estudo, etc.
- Ah, tudo bem! Podemos deixar pra quando você estiver de férias, então!
- Ih, nas férias vou pra Europa! Bacana, né?
- Sim, bastante! Vai passar o mês todo lá?
- Sim! Farei o tour Europa! Vou pra Roma, Veneza, Pisa, Milão,Paris, Lyon, Londres, Amsterdam, Zurich, Madrid, Barcelona.
- Nossa, que divertido! Mas vai ser um pouco cansativo, não?
- Que nada!Amo viajar e conhecer novas culturas! Ai, ando super ocupada com os preparativos, sabe? Passaporte, passagem, roupa de frio... Nos fins de semana gasto todo meu tempo livre com o Julinho. Durante a semana o máximo que conseguimos é desejar “Boa noite” um para o outro.
- Imagino! Correria, né?
- Sim... E você?
- Ah, não faço muita coisa não. Olho pro teto, durmo, ouço música, leio, saio com os amigos e bato ponto na mesa de bar.
- Hahahahahahaha! Tá certo... (Ela certamente está pensando em como a amiga é loser e não conquistou nada e está se julgando muito superior).
Bom, vou nessa! Tô cheia de coisa pra fazer!
- Certo! A gente se vê na próxima vida, então!
- Haha! Beijos!
.......................................................

As pessoas sentem um enorme prazer em afirmar que estão ocupadas. Viva a morte do tempo e o tempo da morte!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Empress of Nothing

How tricky our minds can be!
Surprising effects are there to see.
How can a mental get off the trap
When logic's work insists to spread?

It might take long if you're by yourself,
Or among ones locked in the same cell.

Shared belief, readings that prove :
Anything really can be found in books.

Evidences and statements will fill up the cup of hope.
Stubborn resistance and naivety, in blood will soak.

Endless conclusions and decisions;
Endless ends and beginnings.

Suspicious extreme self-assured strength
Made by a feeble mind which pain befriends.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O Triste Fim de Bastos

Bastou o Bastos bastar. Disse "adeus" ao acaso e desandou a rodopiar,dando voltas em torno do mesmo lugar. Rodopiou e piou o pio da dúvida grotesca que caía como uma bola de metal sobre a grama verde da verdade: bastou o Bastos bastar! Os bastonetes da relva esvoaçavam, relando a face esquerda daquele que chacoalhou a bastilha da norma, passou a perna na continuidade e no mármore da estabilidade. Bastou o Bastos bastar e um bastão atingiu sua nuca. Caiu imediatamente ao solo,como uma maçã bichada, do pé da macieira; plácido e apático.
Bastou o Bastos bastar e sua abastança foi cobiçada pelo mundo multiplanar. Logo apropriaram-se do bastão basto com o qual se bastava, devolvendo o feitiço ao feiticeiro. Bastou o Bastos bastar para que não se bastasse.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Arcada desmontada


(19/11/2007 - Alexandra Palace, Londres. Direito de imagem ferido por Lenina Z.)



o recanto guarda
a marcha dos pingüins
a aurora indica a direção
ponto de fuga
hora de desbravar
o intacto
mas o carro suspeito continua a rondar dogville...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Ponto sem nó

Pinóquio disse pro Geppetto: “Quero ir para uma ilha tropical!”

Michael Jackson disse para Beyoncé: “Me empresta o secador?”

O Photoshop disse para o Corel: “Minha paisagem é mais vistosa do que a sua!”

A M.A.C disse pra Maybelline: " Sua sombra tá muito escura!"

Gisele Bündchen disse para Xuxa: “Cadê a agulha?”

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O sonho, o frio e o banho.

Sonhando a morte, dormindo a leveza: assim sigo.

E toda vez que me banho a pele desgarra, vaporiza, e os ossos
ficam mais ocos do que nunca.

E o vento gélido do frio intenso que reduz o movimento das mãos,
os pés dormentes, o nariz semi-congelado, os olhos ardentes
lacrimenjantes; todos anulam a sensação corpórea imediata. Eu gosto. Uma nova modalidade do sono... Acho até que o termo "dormência" é bem-vindo.

O sonho, o frio e o banho. These are a few of my favourite things.

Tudo que possa me tirar do corpo, esta carcaça pesada que a nós foi
imposta sem questionamento, me agrada.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

We'll all go to Alaska when we die

Sim, é uma possibilidade.

Vamos para o Alaska e lá seremos congelados!

Segundo as correntes neo-espírita-blakeanas, poderemos retornar à vida logo após o degelo de nosso quadrado.

Quanto tempo ficaremos petrificados? Tudo vai depender do aquecimento global,dizem por aí.

As funerárias estão prestes a falir, e empresas frigoríficas já podem comemorar.

E qual é a diferença entre um cadáver humano e um pedaço de perna de porco pendurado em uma geladeira gigante?

Blake says...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

A arte de dizer "não"

Não precisamos saber o que queremos, mas sim o que NÃO queremos. O pouco de liberdade que nos resta está precisamente nisto; na possibilidade de dizer “não”.
And this should be enough.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Retratando Mogwai

Na mesa estão o cinzeiro,o copo, a poeira.
Alguns pingos secaram,
Manchando a madeira.

A aranha saltitante,
Num vai-e-vem constante,
Cose sobre a borda de vidro,
Onde antes os lábios se separavam,
Gerando uma brecha,
Através da qual adentravam correntes
Que devolviam ao corpo
O líquido vital despendido.

O sol atravessa a janela,
Lançando um feixe de luz
Sobre o móvel inerte.
Com a luminosidade, se tornam visíveis
Os flocos de pó.
Como purpurina em dia de festa,
Serpentinam pelo ar ―
Revolvem-se em espirais

Rastro cósmico

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Dramaticule

No smoking sign

There is a no smoking sign on the wall. Heather and Ian are standing. They light up a cigarette. Tina enters the place.

Heather pausedly blows smoke in Ian’s face. Ian does the same to Heather. Then they turn around and blow smoke upwards.


Tina: Haven’t you seen the sign?

Heather breathes out.

Pause

Heather: Which sign?

Silence

Ian: Sign?

Tina: Right there!

Pause

Ian: Oh…

Silence

Ian breathes out and in again.

Yes…

Tina: So, please…

Heather: Ha. We don’t care about the sign!

Ian: No, we don’t!

Ian pausedly blows smoke in Heather’s face. Heather does the same to him.

Tina: Can’t you see it’s not healthy?

Pause

Each time you smoke, you generate free radicals, disrupting a living cell. Therefore, you kill life inside you and inside the innocent- passive ones who are breathing that shit in.

Heather: Free radicals?

Pause

Ian: If they’re radicals, they’re not free! There is no logic!

Heather: No logic at all!

Tina: Of course there is. I gave you science!

Ian: Science has proved itself not to be logic…

Heather: Right on…

Silence

Both Ian and Heather finish their cigarettes. They throw their cigarettes on the ground and tread on them. Each of them lights up another one.

Tina grows extremely irritated and grabs Ian’s arm with strength as to take the cigarette off his hand.

Tina screams with anger.


Tina: Give me that!

Silence.

Both Ian and Heather act in a very indifferent way, as if nothing extraordinary has happened. Heather carries on smoking and Ian moves his eyes up, down, right and, left while biting his nails.

Tina fixedly looks at the cigarette burning between her fingers. She takes a deep drag and slowly releases the smoke for three times. Then she watches the cigarette as it burns down. Once it’s finished, she treads on it and leaves the stage. The other two remain.



[The End]

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O preço das maravilhas

Quer ter vista para a favela? E ouvir a sinfonia dos tiroteios? Quer pistas esburacadas para simular a sensação de estar num barco Viking? E viajar de trem de Inhaúma até a Central cheirando sovacos e tendo barato? Que tal pagar 7 reais de pedágio (Linha Amarela) para ir do Méier à Barra e ter a sensação de que você viajou e está em outra cidade? Que tal ser picado pela doce zebrinha alada num safári tropical?

Bem, todas estas aventuras e maravilhas, que são certamente mais de 7,têm um preço. Confiram: http://dinheiro.br.msn.com/financaspessoais/noticia.aspx?cp-documentid=8073439

E o Rio de Janeiro continua lindo...

terça-feira, 10 de junho de 2008

God Save the Helium!

Vivemos em tempos de hedonismo informativo-interacional como nunca antes experimentado. Temos extenso acesso à informação e também temos a capacidade de manipulá-la a nossa modo. O grande gist dessa história toda está justamente no fato de podermos intervir de múltiplas formas: criando, recebendo, digerindo, regurgitando, criticando.

A informação,flutuando diante dos nossos olhos como balões de gás hélio(que podem ser puxados pela cordinha num simples click),se dispõe ainda ao ar, livre do chão limítrofe.

Porém, contudo, todavia,tem gente puxando a cordinha, esvaziando a bexiga, inalando o gás hélio, ficando com a voz do Pato Donald e caindo na risada. Algumas autoridades não estão gostando. Alguns bolsos estão reclamando e a democratização da informação cheira a amostra grátis, um teaser. Estão deixando a gente chupar o pirulito, mas vão arrancar da nossa boca quando ele estiver pela metade.
Empresas como google, yahoo e afins, bem como agentes de segurança de Estado, estão pesquisando o melhor modo de nos encalacrar como ratinhos de laboratório.
Bem, pelo menos é isso que a reportagem enviada por Raven (Realm of Soft Delusions),no e-mail, sugere. Check it out: http://www.smh.com.au/news/perspectives/digital-copyright-its-all-wrong/2008/06/09/1212863545123.html
Mais uma teoria da conspiração? Não importa! Acho que temos é que aproveitar e celebrar este momento de orgia informacional.

Geralmente nos inclinamos à Nostalgia, tendendo a julgar áureos os tempos nos quais nem éramos vivos. Pois a contemporaneidade faz bem! E ainda tem gente por aí que acha que o emprego do termo "contemporaneidade" é pedantismo...

Por isso digo : Viva o Youtube! Viva o Wikipedia! Viva o .com! Viva o MSN! Viva o Skype! Viva o eMule! Viva o Gmail! Viva o Orkut! Viva o Myspace! Viva a Internet e viva os Internautas Anônimos!

Por enquanto...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

As Formigas Sagradas

Há dois anos atrás, vi um filme no Festival de Cinema do Rio que me marcou muito. Chama-se “Scream of the Ants”. Mais do que um suposto filme iraniano cult, me levou à Índia e me fez entender um pouco do comportamento hindu e,por extensão, o de qualquer religioso aficionado.

O trecho a seguir, retirado de um livro que estou lendo no momento, pode resumir um pouco o espírito do filme:

“Na Índia, aprendi que em todos os tempos e lugares onde a chama luminosa do espírito fez um suco raso, a religião não passa de um negócio. A religião na Índia nos encara com olhos cansados do mundo, familiarizados com quatro milênios de politicagem sacerdotal.” (McKenna, Terrace. "O alimento dos deuses.")

Religião é o melhor golpe de marketing que inventaram até hoje.Talvez seja o mais imbatível e o mais perigoso. A oficialização, teorização, legitimação,enquadramento e verticalização das práticas transcendentais conferem um peso ditatorial ao selo “religião” e o transformam no que poderia ser chamado HIV social.

Abençoados sejam os criadores do p2p (peer-to-peer)! Quem quiser, pode baixar o filme no eMule, aquela mulinha tão querida e amada que sempre quebra um galho! Aliás, a mula amiga também disponibiliza o livro mencionado!

Segue o trailer do filme :

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Arroz com feijão

Arroz à grega, arroz à piamontese, arroz doce, arroz com brócolis, arroz com lentilhas,arroz à parmegiana, arroz carreteiro,arroz à portuguesa,arroz de polvo, arroz de camarão, arroz à chinesa, arroz de salpicão.... Eu quero arroz!
Feijão de tutu, feijão mulatinho, feijão guatemalteco,feijão com tranqueira, feijão amigo,feijão tropeiro,feijão Moretti, feijão de feijoada... Eu quero feijão!
Quero in natura! Sim, quero os grãos e cascas!
Eu quero arroz com feijão!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Mamãe, quero ser retrô!


Fantasma de mim mesma,
Vago pelos corredores inóspitos da vigília.
Resquícios de sabor, glórias de isopor!
Ecos distantes, tilintar constante,
Sussurros vazantes, zumbido errante.

Ó Céus! Qual é a origem desta carapuça maquinada?
Ó Céus! E quem meteu os pés pelas pernas do oceano?

Fantasma de si mesmo,
Vaga pelas ruelas abstratas de um camafeu.
Página atrás de página, atrás de uma lágrima!
Tempestades estrondosas, xícara rançosa,
Fozes fogosas, salina arenosa.

Ó Céus! Da onde vem o som dos galopes projetáveis?
Ó Céus! E quem cuspiu na cara do Acaso e abraçou o Fato?

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Fast-food world

Achei que tinha perdido um ponto no conto,um conto do encanto -- um canto de acalanto.
Achei que tinha me perdido no banzo do banto, no manto do santo --no tanto do entanto.


Achei que tinha me encontrado no discurso furado dos conceitos esvaziados, das ideologias empacotadas, do alimento cerebral que consome o ócio e entretém aquele que quer dispersar-se e ignorar os porquês e abocanhar os ready-made.

Pois muito me enganei...

terça-feira, 8 de abril de 2008

How and When?

How? Wow! Woe!
Roll, Down, Low
We -- err
We --blur
Blow...the ---
Soul
Foul- Flaw- Fly
Go!

Where to run?
To the town's tower
To the two times ten
Twenty times... Sour
Frown and Moan
Yell and Groan
Go!

Ready
Steady
Go!

Well, down, Well
Now!
Go well, we'll go
How?

When? Hey! Pain!
Heap, Hope, Hole
He-- Must
Me-- Burst

Shoot... The --
Truth

Curve- Clue-Cast
Move!

What to do?
Depart, Distort,
Destroy, Disrupt,
Dettach, Decay,
Delete, Dismay,

Move!

Resume
Start
Move!

Again, upside, again
Then

Move again, a gain to get

When?


quarta-feira, 19 de março de 2008

Inflamado

Existem pessoas e pessoas na vida. Algumas estão aí apenas para tirar;algumas estão aí apenas para dar;algumas estão aí para trocar.
As que tiram, o fazem em nome de um falso amor.Levam você a dar o que tem e o que não tem; extraem de você o melhor e o pior: tudo! Num ato antropofágico, agem como verdadeiras esponjas. No momento em que estão saciadas, no momento em que roubaram tudo que podiam de você, partem para próxima vítima.
E o pior é que o vitimizado sente falta de ser estuprado. O vitimizado, inocentemente, acredita ter sido amado e não usado. O vitimizado quer continuar a ser sugado até a última gota de sangue e abandona toda sua rica vida para trás em nome de algo que não existe. Ele, nada mais é do que um pobre romântico deslocado.
As pessoas que apenas dão, são aquelas que vieram para semear o mundo com suas idéias e ações. Destacam-se de algum modo, ou por sua personalidade forte, ou pelo fato de gostarem de ajudar, e deixam sempre um rastro de sua presença onde quer que passem.
Porém, não necessariamente aquele que dá, o faz por bondade. Ele o faz porquê lhe é intrínseco e aprazível sentir o sabor da leve arrogância que o ato de ajudar e estender-se em uma rede social permite.
Aquele que dá deixa pequenas marcas em todas as pessoas que passaram por sua vida― desde os que mais se identificam com ele e mais se inserem em seu meio,até aqueles que pouco têm a ver com sua realidade. Ele é o alvo principal dos vampiros emocionais.
Aqueles que estão aí para trocar são, talvez, os mais sensatos e equilibrados na vida, pois não se nutrem de ninguém e se deixam sugar em um nível tolerável. Não costumam dar mais do que podem, nem se aproveitam sub-repticiamente da boa vontade de outrem. Belos e justos!
O que troca não quer escravos e nem pretensos tutelados ou pupilos. O que troca não sente gozo em olhar de cima para baixo e ser colocado em pedestal e ter seus méritos cantados aos quatro ventos ―ele sabe que a inveja, a obsessão e a quimera podem vigiá-lo neste caso.
O que troca está sujeito a ser sugado também, pois o vampiro é bastante esperto, minha gente!Ele consegue convencer até o sensato de que a sensatez é balela. Malicioso, faz um belíssimo trabalho de conversão por insistência da braba: esperneia, se faz de gato-de-botas do Shrek, até atingir seu objetivo. O vampiro detesta justiça, equilíbrio, sanidade mental.
Eis que o vampiro finalmente derruba o sujeito prudente. Agora um delinqüente, mendigo sentimental, não serve mais aos propósitos da vil criatura. O que um reles expropriado tem a oferecer?
E, curiosamente, o agora estéril, furtado de toda sua força e vitalidade, suplica, arrasta-se pelo vampiro e grita: “Suga-me! Ó, vampiro, suga-me até a morte!”(crise de abstinência). Este é um trabalho completo e bem feito.
Mas o que conforta a gente é que a justiça vem a galopes, já dizia minha avó. Eu já vi, diante destes olhos que a terra há de comer! E os vampiros uma hora retornam aos seus caixões! Blim, blom, blim, blom, blim, blom, blim, blom, blim,blom....


(peço desculpas à todos que entendem de pontuação ou gramática, o que é no mínimo vergonhoso para uma estudante de Letras! Meu português tá capenga, já diria a comunidade do orkut:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=7220573)

terça-feira, 18 de março de 2008

Baile de Debutantes

Roda, roda — sem parar
Volta,vem ― o que virá?
Se vou, não sou
Se fico, não estou

E a fome delgada que bebe na fonte d’um horizonte infinito que acaba na esquina do nunca e do agora que já foi mas continua sendo enquanto não há nada que estabeleça uma ordem cronológica dos acontecimentos sem lógica e sem amarras pertinentes...

Fortuito surto
Furto o fruto
Momentâneo
Desfilam diante dos olhos faíscas líquidas
Incineram a pele interna
Subcutâneo

E a sede obesa que come da carne d’uma vertical finita que começa na esquina da eternidade e do já foi que permanece mas deixa de ser enquanto há algo que organiza o tempo e os acontecimentos dentro da lógica e da linearidade com amarras pertinentes...