quarta-feira, 19 de março de 2008

Inflamado

Existem pessoas e pessoas na vida. Algumas estão aí apenas para tirar;algumas estão aí apenas para dar;algumas estão aí para trocar.
As que tiram, o fazem em nome de um falso amor.Levam você a dar o que tem e o que não tem; extraem de você o melhor e o pior: tudo! Num ato antropofágico, agem como verdadeiras esponjas. No momento em que estão saciadas, no momento em que roubaram tudo que podiam de você, partem para próxima vítima.
E o pior é que o vitimizado sente falta de ser estuprado. O vitimizado, inocentemente, acredita ter sido amado e não usado. O vitimizado quer continuar a ser sugado até a última gota de sangue e abandona toda sua rica vida para trás em nome de algo que não existe. Ele, nada mais é do que um pobre romântico deslocado.
As pessoas que apenas dão, são aquelas que vieram para semear o mundo com suas idéias e ações. Destacam-se de algum modo, ou por sua personalidade forte, ou pelo fato de gostarem de ajudar, e deixam sempre um rastro de sua presença onde quer que passem.
Porém, não necessariamente aquele que dá, o faz por bondade. Ele o faz porquê lhe é intrínseco e aprazível sentir o sabor da leve arrogância que o ato de ajudar e estender-se em uma rede social permite.
Aquele que dá deixa pequenas marcas em todas as pessoas que passaram por sua vida― desde os que mais se identificam com ele e mais se inserem em seu meio,até aqueles que pouco têm a ver com sua realidade. Ele é o alvo principal dos vampiros emocionais.
Aqueles que estão aí para trocar são, talvez, os mais sensatos e equilibrados na vida, pois não se nutrem de ninguém e se deixam sugar em um nível tolerável. Não costumam dar mais do que podem, nem se aproveitam sub-repticiamente da boa vontade de outrem. Belos e justos!
O que troca não quer escravos e nem pretensos tutelados ou pupilos. O que troca não sente gozo em olhar de cima para baixo e ser colocado em pedestal e ter seus méritos cantados aos quatro ventos ―ele sabe que a inveja, a obsessão e a quimera podem vigiá-lo neste caso.
O que troca está sujeito a ser sugado também, pois o vampiro é bastante esperto, minha gente!Ele consegue convencer até o sensato de que a sensatez é balela. Malicioso, faz um belíssimo trabalho de conversão por insistência da braba: esperneia, se faz de gato-de-botas do Shrek, até atingir seu objetivo. O vampiro detesta justiça, equilíbrio, sanidade mental.
Eis que o vampiro finalmente derruba o sujeito prudente. Agora um delinqüente, mendigo sentimental, não serve mais aos propósitos da vil criatura. O que um reles expropriado tem a oferecer?
E, curiosamente, o agora estéril, furtado de toda sua força e vitalidade, suplica, arrasta-se pelo vampiro e grita: “Suga-me! Ó, vampiro, suga-me até a morte!”(crise de abstinência). Este é um trabalho completo e bem feito.
Mas o que conforta a gente é que a justiça vem a galopes, já dizia minha avó. Eu já vi, diante destes olhos que a terra há de comer! E os vampiros uma hora retornam aos seus caixões! Blim, blom, blim, blom, blim, blom, blim, blom, blim,blom....


(peço desculpas à todos que entendem de pontuação ou gramática, o que é no mínimo vergonhoso para uma estudante de Letras! Meu português tá capenga, já diria a comunidade do orkut:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=7220573)

terça-feira, 18 de março de 2008

Baile de Debutantes

Roda, roda — sem parar
Volta,vem ― o que virá?
Se vou, não sou
Se fico, não estou

E a fome delgada que bebe na fonte d’um horizonte infinito que acaba na esquina do nunca e do agora que já foi mas continua sendo enquanto não há nada que estabeleça uma ordem cronológica dos acontecimentos sem lógica e sem amarras pertinentes...

Fortuito surto
Furto o fruto
Momentâneo
Desfilam diante dos olhos faíscas líquidas
Incineram a pele interna
Subcutâneo

E a sede obesa que come da carne d’uma vertical finita que começa na esquina da eternidade e do já foi que permanece mas deixa de ser enquanto há algo que organiza o tempo e os acontecimentos dentro da lógica e da linearidade com amarras pertinentes...