segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Marcelle e Willy

Os dois se conheceram numa loja temática. A loja era seleta, com artigos peculiares. Lá estava, em uma esquina paulista qualquer, com suas vitrines atraentes. Marcelle queria matar o tempo, ou o tempo lhe mataria—de tédio. Ela entrou com passos tímidos, a princípio hesitante. As cores berrantes do tapete vermelho que se estendia da entrada ao caixa pareciam-lhe imponentes e ao mesmo tempo convidativas. Pode-se dizer que o vermelho vivo dava tom à loja. Porém, muitos produtos tinham cor rosa-tipo-pele ou marrom-bombom. Havia para todos os gostos.
Marcelle começou a se soltar e, aos poucos, perdeu-se entre as prateleiras. Cada um dos artigos daquela loja ativava sonhos e possibilidades de uso e aplicações infinitas. Sem perceber, o tempo correu. Marcelle se encontrava ali há pelo menos uma hora. Foi então, que avistou Willy.Alguns vendedores se aproximavam e faziam perguntas às quais ela não conseguia responder. Willy a havia encantado de modo tal, que não havia mais nada à sua frente, às suas costas ou ao seu redor—somente Willy. Ele brilhava, à luz artificial da lâmpada que lhe atingia em cheio. Talvez estivesse um pouco acanhado, pois enrubescia, conforme Marcelle se aproximava. Ela lhe deu a mão direita, mas ele não reagiu. Indiferente, a moça o apertou de forma bastante calorosa. Ali, se enchendo de certezas, soltou um longo suspiro.
Marcelle puxou Willy e caminhou pelo centro do tapete vermelho em direção ao caixa: “Vou levar este!”O atendente deu uma leve risada e disse: “80 reais! Crédito?” Marcelle assinou a guia de crédito e, assim, selou a união (na base da confiança).

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