Após uma manhã longa de trabalho—intervalo.
Elas prontamente sacam os aparelhos celulares da bolsa e engatilham ligações.
Não tenho para quem ligar. Caminho logo atrás e observo a cena peculiar.
Não tenho para quem ligar.
Uma delas diz como foi a manhã e as atividades das quais se ocupou. Enquanto caminha, diz onde irá almoçar e com quem está. Ela também comenta sobre seus planos para um futuro próximo, ao cair da noite, quando as algemas escravo-salariais serão retiradas.
Não tenho para quem ligar.
A outra pergunta sobre a janta e sobre o comportamento do filho. Esta também diz com quem está e para qual direção está caminhando, bem como a rua onde se encontra.
Não tenho para quem ligar.
A chuva pode cair, o sol despontar. Posso chorar, posso rir, posso conquistar, posso perder, posso brilhar e apagar, posso viver, morrer, adoecer, melhorar, evoluir, piorar, criar, destruir, resolver, problematizar...e ainda assim, não tenho para quem ligar.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
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2 comentários:
i know EXACTLY how you feel.
Nossa, quase sempre quando estou entre amigos percebo que chega um momento que todo mundo, de uma vez, cola o celular na orelha e fica lá, naturalmente, sem perceber direito as pessoas a volta. Eu nunca ligo, não me entendo esse tipo de relação, distante.
Se sentir vontade de ligar também, liga pra mim..rs.
Bjos, mulé!
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