segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Adriano

Ela entrou e apontou seu destino: Adriano. Todos estavam cientes e dispostos a ajudar. A velhice lhe impedia de ficar em pé. No entanto, ela não se rendia. “Já chegou?”, perguntava constante e impacientemente, como uma criança a caminho do parque de diversões. Todos temiam por ela e pelas conseqüências de sua visível insanidade teimosa. “Já chegou?”, perguntava a cada parada. Nela viam refletido um futuro de abandono, no qual se é privado não só da companhia das pessoas, mas do próprio corpo. Os olhos vesgos não lhe permitiam ver com clareza em que local se encontrava. Porém, algo lhe dizia o tempo todo que Adriano tinha chegado.“É aqui?” Seguiu perguntando, sorrindo a cada suposta chegada e franzindo a testa quando lhe informavam de seu equívoco. Quando finalmente Adriano chegou, ela se pôs em pé e perguntou: “Onde está Adriano?”

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