Então ela jogou aquele joguinho que lhe é muito aprazível—o da sedução. Seduziu como pôde para mantê-lo em standby, um truque na manga. Qualquer profissional do jogo que se preze, sabe fazê-lo. Não dizia que sim, nem que não. Ela falava com paixão sobre sua sinceridade, porém era das meias-verdades que se servia. Não queria dizer explicitamente, mas tinha diversas pendências amorosas. A mais imediata de todas era seu último relacionamento nordestino, de braços longos e robustos. Deu algumas dicas aqui e ali, mas não foi direto ao ponto. Ela não sabia ao certo o que queria do rapaz. Queria tê-lo por perto—poderia lhe ser útil em alguma circunstância. Carta coringa. Porque jogador esparrama grãos de milho para as galinhas, mas depois rouba os ovos.
Ele, por sua vez, teimava em frisar a (pouca) diferença de idade que tinham, na tentativa de mascarar a sua imaturidade e, sobretudo, vulnerabilidade diante de toda aquela situação. Reduzido ao estado mental de uma besta, levado pelo desejo irracional e nervoso, temperado pelo álcool, perdeu logo na primeira partida. Ela deu xeque-mate. Deselegante e desastroso como um palhaço, ele pintou de vermelho a cara do público, na tentativa de disfarçar seu próprio ridículo diante do circo que lhe haviam montado. Bambou nas cordas até rompê-las, em desafino desconcertante.
E ela dançou ao som do cordel—dançou o nordeste nostálgico. E ele dançou uma inocência bestial e primitiva, desnudando a paixão sincera e intuitiva de quem se predispõe a renovar suas perspectivas. Porém, tudo que conseguiu foi se passar por raso. Perdeu na primeira partida. Teve de pedir a toalha e, cambaleando, deu um abraço no oponente. Saiu sorrindo um sorriso tímido, achatado, peculiar ao fracasso.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
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2 comentários:
gente, super entendi esse post. ;p
Arrasou geral!!!
To sem palavras... como diz meu tio: "to passada e cozida!" kkkkk
vc eh tudo de bom!
Tenho certeza que o recado foi dado.
hihihi
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