"Mas onde estavam as palavras, onde estavam aquelas pequenas luxúrias que trouxera comigo? E onde estavam aqueles devaneios e onde estava o meu desejo e o que acontecera com a minha coragem e por que eu ficava sentado rindo tão alto de coisas que não eram engraçadas?
(...)
O quarto estava eloqüente com a sua partida."
(John Fante, Pergunte Ao Pó.)
Desde que ela finalmente partiu, o silêncio ficou eloqüente. As imagens são muitas e o fluxo de informação é contínuo. Sobrou uma enxurrada de sentimentos indizíveis — a catatonia que sucede o estado de choque.
Desde que ela finalmente partiu, levou consigo o último elo que teimava em resistir. Era precisamente a dor que nos conectava. O peso da presença à distância se resumia ao tamanho dos danos trocados.
Era o calo que lembrava. Era o calo que dizia. Era o calo que doía. Era o calo que mantinha.
Sem mais dor, sem mais urros. Sem mais calo. Me calo.
domingo, 14 de junho de 2009
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